UtupiAR: é urgente!

sábado, abril 22, 2006

12 de Março – domingo




Como à Marlene apetecia-lhe ficar a dormir mais um bocado e a mim não me apetecia ir sozinha para CanMasdeu, resolvi ir à tal festa do consumo responsável. A “II festa do consumo responsável” organizada pela “generalidade” de Barcelona, mais propriamente pela “agência catalã do consumo” (www.consumcat.net) cujo lema era “Tens molt, molt a prop” que penso significar algo como “tens muito, muito perto de ti”. Este é um dos conceitos que a câmara promove mais, não tanto pelo seu teor ecológico (pois ao consumirmos produtos locais estamos a encurtar a distância entre produtor e consumidor, anulando intermediários, menor transporte, e assim consumindo menos recursos e poluindo menos) mas penso eu que pelo seu teor económico. É que é uma forma de apoiar a economia local e fazer com que a região se torna ainda mais rica. Lembro de uma das oficinas presentes com uma espécie de puzzle cuja base era a região da Catalunha e as peças de encaixe vários produtos locais de cada região, onde cada jogador tinha de identificar que região produzia o quê. Eu pensava que era o mesmo jogo mas para toda a Espanha. Mas não, o que queriam transmitir é que se deve consumir o que é da Catalunha e só da Catalunha. É o reflexo do seu nacionalismo. É que temos que ter em conta que é uma festa organizada pelo governo da região autónoma da Catalunha, de esquerda nacionalista, e logo estas festas também têm muito de fachada e claro, de através de umas coisas promoverem outras.
Na festa, que se situava numa das praças principais da cidade, mesmo em frente à catedral, havia animação de rua, música, teatro, magia.... Havia dois palcos no local para o efeito, mas também algumas bancas de associações relacionadas com o consumo responsável e direitos do consumidor. Fiquei admirada de não haver quase nenhuma associação ecológica.
No resto do espaço, encontrávamos uma exposição interactiva de brinquedos reutilizados (ver panfleto em portfólio) com madeiras, arames, garrafas, em que miúdos e graúdos se divertiam a tentar resolver os pequenos quebra-cabeças; e também diversas oficinas promovidas pela câmara (para as quais contratavam monitores e educadores) de promoção dos 3 r’s (reduzir, reutilizar e reciclar), a maior parte dirigidas a crianças. A primeira era um labirinto que as crianças percorriam ao mesmo tempo que tinham de realizar várias actividades de consciencialização dos 3 R’s. Outro que achei bastante interessante, também não o percebi bem, mas a sua interactividade marcava a diferença. Havia uma espécie de atlas no chão, dentro de uma espécie de recinto, e vários objectos soltos como uma barra de chocolate, um saco de cereais, haviam também vários ganchos que saíam de diferentes regiões e umas cordas que se conectavam aos ganchos. As crianças estavam em cima da estrutura com uns sapatinhos de plástico (para não sugarem), e se no principio estavam atentas sentadas na América Latina a ouvir as explicações (ou história) do monitor, depois estavam de um lado para o outro a conectarem cordas e ganchos com os objectos. Acho que o objectivo era perceberem de onde os produtos vêm e que muitas das coisas que consumimos na nossa casa vêm do outro lado do Mundo e os custos ambientais e sociais que isso acarreta. Se não era esse o objectivo, com uma estrutura daquelas, bem podia ser!
Mais 2 oficinas podíamos encontrar no espaço. Uma onde havia um painel grande com vários objectos desenhados e à parte um série de etiquetas que tínhamos de anexar aos objectos, de forma a compreendermos melhor as etiquetas e a termos a preocupação de as ler. A outra devia ser patrocinada por um jornal da Catalunha porque de um lado vários jornais, uma mesa, e várias folhas de jornais penduradas numa corda e do outro lado vários origamis feitos com folhas de jornais que as crianças iam fazendo com a ajuda dos monitores.
Todos estes workshops me pareceram bastante interessantes (uns mais que outros) mas não tive oportunidade para os perceber melhor porque eram dirigidos às crianças e os monitores estavam ocupados com estas. Mas descobri que essa tal Agência Catalã do Consumo tem uma escola do consumo responsável que recebem grupos escolares e outros grupos de crianças e jovens para participarem nas oficinas que realizam no espaço da agência em Barcelona. Tenho que enviar um e-mail a perguntar se posso visitar e se me podem explicar as oficinas.
A nível de informação, a que tinha mais visibilidade era a da Agência catalã do consumo, com bastantes painéis informativos. Distribuíam também uns panfletos (em anexo no Portfólio) dentro de um saco de plástico, que desde logo é pouco ecológico.
Outros pontos negativos foram o facto de ter sido a um domingo de manhã, onde havia mais turistas que pessoas locais, e de todas as bancas estarem a distribuir algum “brinde” o que fazia com que se aglomerasse um amontoando de pessoas só em busca do brinde e que incomodavam quem realmente estava também interessado na informação.
Mais para meio da tarde, depois de ter chegado a casa, fui com a Marlene dar um passeio a Montjuïc. É incrível como estamos aqui há quase um mês e nunca tínhamos ido lá. Foi a partir de Montjuïc, uma pequena montanha ao lado do mar, na zona Sul da cidade, que esta nasceu. Pensava então que ía ver algo mais típico, como que uma espécie de zona antiga, mas não. É uma zona bastante verde, onde basicamente o que há para visitar, além das áreas verdes (como o jardim botânico e outros) é o estádio nacional dos jogos olímpicos de 1992, a cidade do teatro (um conjunto bonito de 3 ou 4 teatros), o Pueblo Espanhol (espécie de Portugal dos Pequeninos para adultos, recriando arquitectura típica de diferentes regiões Espanholas), e o Palácio Nacional que alberga o Museu de Arte Nacional da Catalunha, e de onde em frente tive a melhor vista de Barcelona.

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