UtupiAR: é urgente!

terça-feira, abril 04, 2006

7 de Março



Hoje fomos pela 1ª vez à GATS (http://www.gatsbaix.org/), a nossa associação de estágio! Não porque o quiséssemos, mas porque só agora tinham disponibilidade para nos receber.

Eu pensava que íamos ter com a GATS ao Centro Cívico porque eles faziam a gestão desse centro, mas não é a GATS, é uma empresa; a GATS apenas tem lá sede: um pequeno escritório com dois computadores e uns armários. Parece-me uma associação pequena. O ambiente pareceu-me bom: jovem, dinâmico e informal. Estivemos com 3 das pessoas que trabalham na GATS a conversar no café do centro cívico e depois no escritório.

GATS, associação sem fins lucrativos, nasceu em final de Setembro de 2000 e significa “Grups Associats pel Treball Sociocultural”. Ficamos a saber que não são vários grupos distintos que se juntam numa espécie de colectivo mas que apenas têm esse nome para demonstrar que são uma associação aberta a colaborações. Costumam trabalhar com vários grupos diferentes, pessoas ou colectivos, aproveitando capacidades já existentes e dividindo esforços; sendo assim talvez faça mais sentido falar em grupos do que grupo. É que o plural reflecte melhor essa cooperação do que o singular. Esta explicação suou muito bem, claro.

Pelo que percebi, o mote principal da GATS é “reflexão, acção”! Assim, não só organizam seminários e conferências como criaram vários projectos de intervenção. Neste momento, a GATS gere a “Casal de Jovens de Allella” (espécie de espaço para jovens) e o “Lokalillo” (também um espaço para jovens) em Canovelles, ambas localidades situadas fora da cidade de Barcelona. A GATS faz também reforço educativo com famílias com necessidades num distrito, e é entidade supervisora de um centro cívico. Têm também um projecto de alfabitização digital (CAS).

No final, foi decidido que vamos ter duas tarefas na GATS. Uma delas, orientada pelo Eduardo (que embora esteja muito recentemente a trabalhar na GATS, é o nosso tutor), procurar subsídios da União Europeia com os quais eles possam financiar um projecto de mediação comunitária. A outra tarefa é dinamizar um pouquinho os tais projectos que têm nas casas de jovens, conhecer e propor algumas actividades.

Agora só nos resta esperar que as pessoas que gerem esses espaços nos contactem para a primeira visita ser efectuada.

Depois do almoço estive a mostrar no computador algumas fotos e projectos do GAIA à Marlene. É incrível como aprendi tanto com o GAIA, mais, diria mesmo, que no curso de animação, onde a vertente mais prática, mais de contacto com o “real” é muitas vezes esquecida! Nunca ninguém nos mostrou candidaturas a projectos, explicaram como funciona o programa Juventude, incentivaram para a participação em associações (lembro-me que, por exemplo, na Finlândia, práticas de voluntariado e de participação que cada aluno realizasse em associações, colectivos ou projectos, eram contabilizadas no plano de estudos, ou seja, “davam” alguns créditos).

De seguida fui de novo à associação Ecologistas em Acção mas a pessoa responsável continuava doente. Estive mais uma vez a ver revistas e descobri que há um projecto recente chamado “Rede de intercâmbio de conhecimentos” que me parece muito parecido com o Sistema Trocal e Banco do Tempo e já que não consigo contactar com estes movimentos aqui, vou tentar este (embora no artigo não indicassem nenhuma forma de contacto). No artigo li uma frase que destaco e que explica tudo: “todo el mundo sabe algo que puede ensenar al outro y todo el mundo ignora algo que puede aprender de l outro”. É baseado neste pressuposto, digamos, que se cria um sistema, uma rede, que não é uma simples rede de voluntariado, mas sim de trocas; é uma rede onde se aplica o ensino horizontal, não vertical (onde todos valem o mesmo); onde não existe dinheiro pelo meio e onde todos os conhecimentos são importantes (não só os técnicos ou universitários). O objectivo principal não é só o intercâmbio de conhecimentos, mas sim construir tecido social, que as pessoas se impliquem mais e participem. E está a ser bem conseguido, dado que esta rede em Nou Barris (penso eu) conta já com 170 pessoas e 35 intercâmbios semanais.

Tenho mesmo que conseguir contactar este grupo dado que pode ser uma mais valia para o Sistema Trocal do Porto que está a ser difícil dinamizar. O sucesso deste grupo barcelonês decerto que deve muito ao carácter participativo dos barcelonenses, mas a forma como fazem a sua divulgação e como dinamizam o grupo deve ter algum peso.

Tal como no dia anterior, resolvi ir para o centro da cidade, mas desta vez porque tinha combinado com a Jasmina. Que é uma rapariga que conhecemos no primeiro dia em Barcelona em que procurávamos quartos para alugar e com a qual logo simpatizei. Como quero mesmo fazer amigos catalãos, enchi-me de “lata” e envie-lhe uma mensagem a dizer isso mesmo e se não queria tomar um chã ou qualquer coisa. Só que ela tinha-me tentado contactar a dizer que não podia ir mas eu não ouvi a mensagem a tempo.

Aproveitei e fui a uma exposição bastante interessante bem ao lado da câmara de Barcelona, sobre urbanismo e planos urbanísticos de Barcelona, com um grande enfoque na participação cívica. Resta saber se é “fachada” ou é verdadeiro!

Ao voltar para casa o metro estava mesmo a abarrotar! É que hoje é dia de futebol e então a cidade está louca. O futebol aliena as pessoas, dá-lhes algo momentâneo, algo vibrante, com força, algo que alimenta por momentos, que leva para longe o stress do dia a dia, que junta as pessoas, que dá “felicidade”. E tem a capacidade fantástica de criar algo dentro das pessoas, uma admiração, uma ocupação, algo em que acreditar e que defender: o clube ao qual se pertence. No fundo, acho que é um pretexto para as pessoas se juntarem e divertirem, podia ser outra coisa qualquer, outro desporto, mas calhou ser o futebol (que claro, tem o apoio de vários governos, dado que mantém as pessoas ocupadas e movimenta muito dinheiro). Ás vezes penso que se este “futebol” fosse substituído por outras causas mais importantes, o mundo seria muito melhor mais rapidamente.


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