UtupiAR: é urgente!

segunda-feira, março 13, 2006

28 de Fevereiro - terça-feira

Hoje fomos ver uma peça de Teatro e Poesia de e sobre mulheres Centro Cultural Les Corts, que é uma espécie de Centro Cívico que também tem o Casal de Jovens Les Corts (já falei uma vez sobre este espaço). Acho que é um evento que vai repetir mais 2 vezes por causa da comemoração do Dia das Mulheres (a 8 de Março). Aliás, é incrível como aqui em Barcelona há uma montanha de actividades e eventos em relação ao Dia da Mulher!! Em todos os locais encontramos panfletos! É como se esta primeira semana de Março fosse o Dia da Mulher!

Sobre a poesia, só 10% era em castelhano. Logo, não percebi nada. Mas gostei de ouvir, sobretudo. Catalão ouvido parece uma mistura de português, russo e castelhano. Porque tem uma quantidade de sons com “s” e “chs” incrível. Se o português tem os “s” nos finais das palavras, o russo os “chs” e o castelhano aquele som “tss” com a ponta da língua no céu da boca, então o catalão tem isto tudo. Engraçado também é que algumas frases ou palavras pareciam mesmo português, como “sabes?”. É que parecia mais do que o castelhano parece português. Ou seja, a pronúncia era exactamente a mesma.

Depois eu fui ter com o tal rapaz advogado catalão simpático do Hospitality Club e dois franceses que estão na casa dele esta semana. Como estavam atrasados, fui dar um volta pelas Ramblas e por umas ruinhas. Terça à noite, 22h e as ramblas cheias de gente, parecia sábado à noite. Quando caminhava, os meus ouvidos poucas vezes identificavam castelhano ou catalão (será que já consigo identificar?), a maior parte eram turistas. Aliás, assisti a uma situação cujo guia da Ana Helena (como ela me contou) adverte: uns senhores que fazem umas partidas com 3 caixas e um objectivo que está escondido debaixo de uma delas, depois roda as caixas e o público vai apostando em relação à caixa que tem o objectivo. É claro que, devido a algum truque do “habilidoso”, o “turista” raramente acerta. Para ajudar, há alguma personagem que aposta e acerta; mas essa personagem é alguém “combinado” com o “habilidoso”. E realmente, parecia mesmo, pois depois dessa “vitória” ele não se afastou da zona, enquanto tudo o resto dispersou. Muito estranho.

Muito estranho também é o facto de eu não sentir medo nenhum quando estou sozinha nesta cidade. Lembro-me de algumas pessoas dizerem para termos cuidado, para não andarmos nas Ramblas à noite, bla bla bla.. Mas eu sinto-me segura. Isso não quer dizer que não tome as minhas precauções, não ando por exemplo a mostrar objectos de valor como máquinas fotográficas ou telemóveis e talvez seja exactamente por saber que não tenho um aspecto muito “arranjadinho” e “direitinho” que acho que não me vão “escolher” como alvo de assalto.

Não sinto medo nenhum talvez pelo facto de as ruas serem movimentadas. De ter sempre algo para ver. De não ter tempo para pensar em ter medo. No fundo, é um misto de tudo.

Os franceses eram muito simpáticos, daquelas pessoas por quem eu sinto logo empatia. Demos umas voltas a pé pela parte antiga da cidade para os franceses (que só vão ficar em Barcelona até sábado) verem mais alguma coisa de Barcelona. Foi bastante engraçado porque o J. (o tal rapaz do HC) parecia não conhecer muito bem essa parte da cidade e então ora íamos por caminhos errados, ora eu é que identificava os edifícios... Acabávamos todos na brincadeira com isso! Houve também uma situação que me ficou na memória, pois o J. perguntou a uma senhora já com uma certa idade onde ficava o Palácio da Música (edifício bem bonito, mesmo muito), pelos vistos enganamo-nos a seguir as indicações e viramos numa esquina. Entretanto ouvimos umas vozes, olhamos para trás, e vinha a senhora a correr atrás de nós advertindo-nos que nos tínhamos enganado! Há pessoas tão simpáticas e prestáveis.

Depois fomos até a um bar que tem uma sala de teatro e um terraço muito acolhedor, é gerido por uma associação cultural e temos que ser sócios dessa associação para poder frequentar o bar (basta uma pessoa do grupo e não é caro: 3€ por ano, tendo em conta que se tem descontos nesse e noutras salas de teatro “alternativas”).

Estivemos a conversar sobre várias coisas, e eu aproveitei para esclarecer as minhas dúvidas catalãs! Fiquei a saber que aquele “prou soroll” que está escrito num pano branco em todas (quase) janelas e varandas de uma praça aqui na zona onde moramos significa “suficiente ruído”. Tanto pode ser por causa de obras, como do barulho que fazem na praça.

Também fiquei a saber que aquele “sabes?” do momento poético que me parecia tão português, é “saps?”!!! É mesmo um língua diferente do castelhano. Lá tive uma mini-aula, e para verem: “Como te chamas?” em castelhano é “Cómo te llamas?” e em catalão fica “Com et dius?”. Completamente diferente, não? E a resposta: “me llamo...” (castelhano) e “em dic...”.

Acabamos a noite com todos a chamarem-me chauvinista, isto porque eu dizia que não gostava de aprender outras línguas e que era muito agarrada à língua portuguesa. É claro que depois expliquei melhor: é que gosto mesmo de escrever e falar em português, e sou, digamos que, picuinhas com a língua. Na escola lembro-me que não gostava muito de línguas, nunca conseguia pensar noutra língua, era como se não me conseguisse desligar do português. A inglês, por ex., quando escrevia uma composição, fazia sempre tradução directa e então quando queria dizer uma coisa tinha que ser exactamente aquilo. Se perguntava como se dizia certa expressão ou palavra, eu muitas vezes contrapunha “não, não é isso que quero dizer, é mais aquilo”. É esta dificuldade que tenho ao aprender línguas. É que é mesmo como se tivesse que esquecer tudo aquilo que aprendi em criança... Por isso é que quero que os meus filhos aprendam logo várias línguas desde pequenos.

Lá vim eu para casa contente, é que estava mesmo a precisar de estar com outras pessoas, de fazer amigos. E sinto que o J. vai ser o meu 1º amigo catalão!



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1 Comments:

Blogger vera said...

que candeeiros tão giros!

10:06 da tarde

 

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