23 de Fevereiro – quinta-feira
Ontem à noite, estava eu a escrever no Diário de Bordo, já devia passar da meia noite e diz-me a Marlene que estava na sala a conviver com os nosso colegas de casa e 2 amigas holandesas que estavam cá de visita: “olha eles vão a uma festa de anos do amigo do C. (o italiano) e tão a perguntar se também queremos ir. Eu vou!”. Lá pensei “já cá faltavam as típicas festas!”.
É que quando estava em Erasmus, festas e convívios em casas uns dos outros era algo comum. Algumas não gostava nada porque era o mesmo de sempre: comida e bebida. Outras eram bem mais interessantes e sentia mesmo todas as vantagens de estar noutro país e rodeada de pessoas de diferentes países. Era quando conhecia pessoas com as quais gostava de conversar e ia-se para além daquelas conversas banais. Foram poucas, mas boas! E é pena, porque isto de muitas nacionalidades num espaço tem mesmo muito potencial e podia ser muito mais rentabilizado. Ainda assim, lembro-me das festas gastronómicas (com pratos típicos de cada país cozinhados pelos próprios), das festas temáticas (festa italiana, festa espanhola).. Lá em casa onde morava (espécie de residência estudante) lembro-me de ter sugerido uma noite temática por semana, então, cada país (os seus representantes disponíveis no momento) faziam um jantar típico para todas da casa e o que mais quisessem. Lembro-me da noite escocesa em que as raparigas decoraram a sala com informação sobre a Escócia, canções e fotografias e no final estivemos a dançar danças tradicionais escocesas!
Em relação à festa, era apenas uma festa de anos. E até senti que estava ali a mais porque nem sequer conhecia o aniversariante. Mas claro que depois apercebi-me que é tudo numa boa, o pessoal está lá é para divertir-se e quem bem por bem (o mesmo que dizer amigos de amigos) é bem-vindo!
E eram só italianos! É incrível como eles se juntam!!! Lá na Finlândia os italianos também andavam sempre em grupo. Eles e os espanhóis eram as nacionalidades que mais se juntavam. Isto falando da população estudantil. Como era um pequeno, era fácil as pessoas conhecerem-se e fazerem aquelas redes em cadeia, mas acho que eles esforçavam-se para não desfazer a cadeia. Os portugueses não achava que eram assim, uma vez fiz um jantar português lá em casa em que apareceram bastantes (mesmo sem nos conhecermos) mas não continuamos a andar sempre em grupo. Assim como franceses, alemães, também não se “agarravam” tanto. Agora os italianos e espanhóis.....Parece que têm medo de misturas! Não sei se era por serem muitos e talvez os outros “países” não tivessem tanta oportunidade de se “encontrarem” e formarem grupos.. Mas agora aqui acontece o mesmo!
Faz-me confusão! É que parece que estão noutro país, mas ao mesmo tempo continuando no país dele. Não sei se é dificuldade em adaptação, dificuldades com a língua (acho mesmo que não porque muitos sabiam falar castelhano, neste caso), saudades de casa (por serem, embora tal como os portugueses e países do sul, mais “ligados” à família).... É que cá eu quero é conhecer espanhóis e catalãos, embora dê imenso valor aos portugueses que conheço cá, que me apoiam e com quem por vezes é tão bom falar e sentir aquela sensação de “sentir em casa”. Mas se estou noutro país, há que rentabilizar essa oportunidade ao máximo, fazer dele a minha casa por uns momentos e isso implica conhecer os meus companheiros de casa que cá habitam há mais tempo que eu e dela sabem mais!
Ainda sobre o dia de ontem, para acabar a noite em grande, eu e a Marlene ficamos cerca de meia hora a dormir nas escadas do prédio onde moramos porque viemos mais cedo da festa e reparamos só à chegada que nos esquecemos da chaves e tivemos que esperar que eles chegassem.
Hoje fui à Biblioteca e finalmente consegui ter Internet sem fios e enviar o meu trabalho. Um funcionário simpático da biblioteca ajudou-me!
Como já devem ter reparado, já estivemos em muitas bibliotecas aqui em Barcelona, e é bom de ver tanta gente nelas!! São espaços, de facto, activos! Ao fim da tarde as pessoas que por lá andam são imensas, até é difícil encontrar um lugar! Ora os computadores com Internet estão todos ocupados, ora as mesas de leitura/estudo estão sobrelotadas. E são jovens, crianças, idosos....
Estive a ler panfletos que recolhi nas e sobre as bibliotecas aqui de Barcelona e acabei de confirmar aqui as Bibliotecas são fantásticas!!! Existem 29 Bibliotecas em Barcelona, isto só na cidade de Barcelona, não estou a falar do que nós portugueses chamamos distrito, mas sim do concelho. Pois se contasse com as do distrito, seriam muitas mais. (ver panfleto MAPA BIBLIOTEQUES BCN)
Sendo assim, por cada “freguesia” (que eles aqui chamam distrito) existem cerca de 2, 3 bibliotecas, sendo uma delas maior e mais completa. Algumas das bibliotecas estão no mesmo edifício que centros cívicos. Mas o engraçado é perceber que cada biblioteca parece estar está de acordo com as necessidades e potencialidades locais. Ora vejamos: a Biblioteca Nou Barris, que parece ser a mais completa da freguesia com o mesmo nome, está especializada em circo e artes teatrais. Na freguesia de Nou Barris existe um Ateneu Popular, que já visitamos, especializado em artes circenses e uma Escola de Circo (associada ao Ateneu). Parece então que a freguesia tem uma certa “história” relacionada com o circo e a Biblioteca vai aproveita essa potencialidade e oferece recursos sobre o tema. Outro exemplo pode ser também o da Biblioteca de Barceloneta que tem uma secção de Literatura Infantil sobre o Mar, exactamente por Barceloneta ser uma zona junto ao mar, que comporta um bairro típico de pescadores.
Outro aspecto bastante positivo das bibliotecas é que muitas delas têm uma sala de estudo e/ou sala de trabalho que funcionam das 21h à 1h! Bastante positivo é também o facto do serviço de empréstimo permitir requisitar vário material e durante bastante tempo (comparando com bibliotecas portuguesas). As bibliotecas de Barcelona permitem o utilizador ter ao mesmo tempo 20 documentos, que podem ser 6 livros durante 21 dias, 4 revistas, 4 cd’s, 4 vídeos ou dvd’s, 2 cd-rom durante 7 dias.
Talvez melhor que tudo isto, é o facto das bibliotecas realizarem um série de actividades, como por exemplo umas jornadas sobre a guerra de 1936/1939 intitulada “Barcelona 1936/1939 – Viver e sobreviver no marco de uma guerra” (ver panfleto). Com o objectivo de contribuir para a recuperação da memória histórica desde o quotidiano das pessoas, através de uma visão do conflito com a presença de testemunhos reais apresentados em formas diferentes: a literatura, o documental, o cómico, a história e um itinerário pela cidade; as Bibliotecas organizam, com a colaboração do Museu da História da Cidade, entre outras, uma palestra sobre “A educação na guerra – os mestres republicanos e os seus métodos educativos, a difícil escolarização em pleno conflito bélico”, uma sessão sobre “O povo em armas – a resposta popular e a construção de um mundo novo condicionado pela guerra” com uma projecção de um filme e uma conversa com testemunhos reais sob o titulo “Mulheres aprisionadas – a dura realidade das mulheres antifranquistas”.
A rede de Bibliotecas editou também vários panfletos interessantes, como por exemplo um panfleto intitulado “O cantinho dos pais e das mães – perguntas pequenas, grandes respostas” (ver panfleto), apresentando um espaço que existe na sala infantil das bibliotecas que é uma espaço de consulta para os pais com filhos até 13 anos. O espaço dispõe de livros, vídeos, jogos sobre o crescimento dos filhos, as necessidades educativas especiais, entre outros temas relacionados assim como serviços e projectos em execução á volta de temas como a importância de ler em voz alta e o fomento da leitura.
Ainda sobre panfletos conjuntos de todas as bibliotecas, além de uma agenda trimestral que é um guia de todas as actividades das bibliotecas, têm panfletos de divulgação de actividades por temas, como por exemplo, debates e conferências, não só relacionados com Leitura e outros temas que tendemos a associar a bibliotecas, mas de outros âmbitos, como uma conferência intitulada “Os jovens e a sexualidade”. (ver panfleto T’!NTERESSA). Cada Biblioteca, tem ainda, um panfleto próprio com as actividades a decorrer no seu espaço (ver panfleto “Biblioteca Les Corts – MIGUEL LLONQUERAS).
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