Como tudo começou?
Em Setembro de 2005, estava eu no 3º ano de animação sócio-educativa, a escolher (e a ver se seria “escolhida”) uma associação para estagiar durante 14 semanas no segundo semestre. Primeiro pensei numa associação de desenvolvimento local, porque sempre foi das minhas áreas de eleição devido à sua abrangência (e lá está, devido à minha capacidade de focalização). Mas logo “reparei” num projecto do GAIA que já anteriormente me tinha chamado a atenção que era de implementar um Centro de Convergência no meio rural, no Alentejo, numa área desertificada. Centro esse que seria uma espécie de infra-estrutura que apoiasse várias iniciativas locais ou dirigidas para o local, que convergisse vários projectos e actividades no mesmo espaço, mesmo tendo áreas especificas de trabalho como permacultura, juventude, turismo rural, investigação, arte e cultura... O melhor de tudo, é que o timings pareciam coincidir com os da Escola, isto é, o estágio teria de começar em Fevereiro, o Centro de Convergência estava previsto para Fevereiro. Como o GAIA (Grupo de Acção e Intervenção Ambiental, associação juvenil ambiental, à qual pertenço) é uma associação que admiro, principalmente pela sua forma informal de trabalhar, pelo seu carácter transparente e estrutura horizontal, pensei “porque não fazer o estágio com o GAIA?”.
E tal foi o que propus ao GAIA, e comecei então por envolver-me no projecto compartido do Centro de Convergência, ficando responsável pelo “Ponto Jovem” e mais concretamente com o meu projecto de estágio - “Activar” – cujo público-alvo seriam jovens. Depois o projecto teve uma mudança radical, devido a uns contratempos, digamos, e que exigiu um novo projecto. Daqui surgiram duas hipóteses: uma espécie de diagnóstico local participado numa aldeia do Alentejo à volta do problema de desertificação; ou um projecto de dinamização do grupo local do GAIA no Porto. Escolhi Alentejo.
Mas, à última hora, surge uma nova hipótese: Barcelona. Oportunidade que depois de dar muitas voltas à cabeça, aceite. Vou para Barcelona, conhecer o cosmopolitismo, a animação, e a mim mesma, mais um bocadinho; e um bocadinho que desejo imenso.
Motivações (retirado do meu projecto de estágio – “Apre(e)nder (em) Barcelona”
Decidi que ia agarrar na oportunidade de ir para Barcelona estagiar por diversas razões, não sei qual delas a mais forte, cada uma com o seu peso, tempo e lugar.
No inicio, e por mais estranho que pareça, Barcelona apareceu como uma hipótese mais segura que o Alentejo. Nesta última, não tinha encontrado ainda um quarto para ficar, ia trabalhar praticamente sozinha, não conhecia ninguém, as despesas sairiam todas do meu bolso e ia estar 3 meses e meio num local com pouca oferta cultural. No entanto, as mesmas coisas que me assustavam nesta hipótese eram as que me desafiavam: estar “sozinha”, experimentar a vida rural, tentar interagir activamente com pessoas que não conhecia, passar de estranha a familiar.... Mas tinha medo de não ser capaz, do projecto ser demasiado ambicioso, de não estar preparada.
Em Barcelona, poderia ter um Mundo que sempre quis descobrir à minha espera; já quando estava no 12ª coloquei a hipótese de estudar em Barcelona como estudante “free mover”, fazendo lá toda a licenciatura. Imagino Barcelona como uma cidade activa, com bastantes ofertas, com um povo participativo e critico.
Para além de realizar este “sonho em espera”, teria a oportunidade de estagiar numa associação com um âmbito completamente diferente do que estou habituada a “trabalhar” até agora, dado que estive sempre mais envolvida na temática ambiental e social mas de uma forma mais descontraída e pouco especifica; e com jovens e adultos e mais raramente outros grupos. Se escolhesse Barcelona, também poderia “beber” imenso de temas que aí têm já uma “história” considerável e que em Portugal não são tão “trabalhadas” ou divulgadas como a Organização Horizontal, os Movimentos Libertários, os fortes Movimentos Juvenis, a Democracia Participativa, entre outros; assim como aprender coisas novas e nunca antes por mim imaginadas. Não menos importante, teria oportunidade de ter todos os dias completamente e diversamente preenchidos; já imaginava um típico dia: de manhã estava na associação, momento de escrita no inicio da tarde, a meio desta uma conversa sobre a Catalunha, ao fim da tarde uma reunião de um movimento juvenil, à noite uma ida ao Teatro. Por fim, não estaria sozinha, teria o acompanhamento de uma associação, e a entre-ajuda da Marlene e também da Ana e Helena.
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