UtupiAR: é urgente!

sexta-feira, abril 28, 2006

19 de Março – domingo



Estava entusiasmadissima para esta calçotada, e com razão. Nem dormi para não correr o risco de adormecer.

A ideia desta calçotada era dar a conhecer ao público a horticultura em varandas e terraços e, de certa forma, promover a agricultura biológica em meio urbano. Assim, podemos encontrar várias oficinas práticas, como oficina de horticultura urbana e reutilização de plantas com vasos reutilizados, oficina de preparação do molho dos calçots, oficinas para crianças (de desenho, e de fazer aqueles bonecos feitos com uma meia e com serrim dentro onde em cima se colocam umas sementes de relva que se vão transformar no “cabelo”) e oficina de cozinha solar (que não chegamos a ver pois não havia sol suficiente). Havia um painel de um ecoclube de uma escola, expondo os seus trabalhos.

Segundo uma noticia no jornal estiveram presentes cerca de 240 pessoas, muitas das quais ligadas de alguma maneira à horticultura urbana.

Para mim foi bastante proveitoso dado que aprendi a reutilizar garrafas de água de plástico para plantar alfaces e outros legumes de uma maneira eficiente e prática, como podem ver na imagem. A tirinha laranja é apenas um pedaço de filtro que vai absorvendo a água e dando de beber à terra, com uma autonomia admirável.

Foi pena foi termos vindo embora antes de começar o almoço, porque a Marlene estava cansada de esperar e a mim não me apetecia estar por ali sozinha.

A actividade foi organizada pela associação “Lluïsos de Gràcia” pela Fundação Terra e pelo projecto Horturbà.

A associação sem fins lucrativos “Lluïsos de Gràcia” (www.lluisosdegracia.org), tem um âmbito sócio-cultural e desportivo, cuja missão é a formação das crianças, dos jovens e dos adultos no seu tempo livre. Segundo a senhora que nos atendeu quando lá fomos pela primeira vez, é uma associação já com mais de 150 anos e por isso têm bastante prestigio, muitos sócios e muitos apoios e assim mantêm o espaço enorme que tivemos a oportunidade de ver.

Embora começassem com actividades de carácter religioso e espiritual, agora têm um âmbito muito mais abrangente, realizando exposições diversas, oficinas e cursos, aulas de catalão, um serviço estilo “ATL”, festas, cujo algumas são organizadas em colaboração com outras entidades. É também no espaço da “Lluïsos” que vários colectivos e associações encontram infra-estruturas adequadas para realizar eventos. Com todas estas actividades e eventos, tentam atingir os seus objectivos principais: desenvolvimento dos valores humanos de cada um (como a solidariedade, a tolerância, o civismo e o respeito), fomentar o crescimento pessoal e colectivo e o aprofundamento da fé.

É de salientar que foi das primeiras associações que vi com um horário tão extenso (durante a semana fecha à meia noite; à sexta e sábado à uma da manhã, por ex.). É um factor bastante positivo dado que assim a população local tem um espaço colectivo aberto bastante tempo e há assim mais oportunidades para aqueles que trabalham até tarde ou têm um horário menos comum poderem também usufruir de cultura e lazer.

Sobre a associação Terra já falei aquando da festa da água.

Quanto ao “Hortubà” (http://www.horturba.com), ou em português “horta-urbana”, é um projecto que me atrai muito. Se as pessoas não vão ao campo, há que trazer o campo à cidade. Nada melhor que os terraços, as varandas, ou as pequenas hortas comunitárias. Já dizia o Bill Molisson que a permacultura está mesmo debaixo do nosso nariz. Podemos substituir permacultura (que explicarei noutra oportunidade o que significa) por agricultura e entendemos que o que Molisson quer dizer é que é mais fácil do que parece fazer aquilo que à partida parece ser só possível num grande pedaço de terra.

Numa altura em que cada vez se fala mais em agricultura biológica, em consumo local, em vegetarianismo, em economia social, ou dito de outra forma, fala-se também em poluição, transgénicos, gripes das aves, materialismo, consumo insustentável, nada melhor que nós próprios cultivarmos os nossos alimentos. E não é a alimentação parte essencial do nosso dia-a-dia? Devemos então entender tudo o que esta implica e o que está por trás dos nossos actos quotidianos, dando a devida atenção a algo tão inevitável como comer. Daqui nasce a necessidade de cultivar para obter essa alimentação mais responsável e consumo ecológico.

Se antes todas as pessoas tinham um quintal em casa e a agricultura era a base de subsistência de muitas famílias, hoje já muitas vivem em grandes cidades e sem quintal. No entanto, para consumo próprio não é necessário grande espaço, e assim surgem as hortas urbanas, que estão pensadas para produzir pequenas quantidades de verduras variadas e assim, através de um cultivo biológico, sem utilização de fertilizantes químicos e insecticidas, colmatar tudo o que foi dito anteriormente.


Quando a esta ideia se junta o aspecto comunitário, ainda melhor, já que em grupo se aprende mais, partilham-se ideias e enriquecesse o resultado final. No Porto há um projecto de hortas comunitárias em bairros sociais. Há também um projecto da Lipor chamado “Horta à Porta” que disponibilizada talhões de terra às pessoas e um pequeno curso de agricultura biológica para elas levarem avante o cultivo do pequeno pedaço que lhes calhou e produzirem assim para auto-consumo.



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