UtupiAR: é urgente!

quinta-feira, abril 27, 2006

18 de Março – sábado



Hoje não podia ter faltado à manifestação contra a guerra. Vou sempre, basicamente, porque sou contra todas as guerras. E isso já constitui motivo mais que suficiente para marcar presença, para fazer número, para que em vés de 351, sejamos 352 (ou mais, dependendo daqueles que consigo influenciar a ir também). Pode parecer que não faz qualquer diferença, mas se todos pensamos assim, ninguém participaria em manifestações. E bom relembrar que esta participação é uma forma de democracia participativa, que muitas vezes remitimos apenas para o voto. Eu cá ás vezes prefiro ser uma má cidadã e não votar, mas participar em todas as outras formas de cidadania: petições, boicote, voluntariado, associativismo...
Falando agora desta manifestação em especifico, foi convocada a nível internacional para marcar o inicio da guerra contra o Iraque 3 anos atrás. Para relembrar o inicio de uma guerra que ainda não acabou. E para dizer basta também a outras guerras como a ocupação da Palestina.
Na Catalunha foi convocada pela Plataforma “Aturem la Guerra” (“parem a guerra” – www.aturemlaguerra.org) pois o povo iraquiano continua a lutar pela libertação do seu país das tropas americanas e o governo da Catalunha, foi um dos que votou na ONU a favor da ocupação do Iraque. Por isso neste dia reuniram-se cerca de 5000 pessoas num percurso cheio de bandeiras, faixas e tambores pela cidade de Barcelona.
Em relação a Portugal, também existiram manifestações pela paz neste dia no Porto e em Lisboa. No Porto, dia 20 de Março, o manifesto continua, com uma espécie de encontro de activistas pela paz que vão fazer uma acção de sensibilização. À noite, há a projecção de um filme alusivo à temática da Guerra e Militarismo. Tudo organizado pela rede RISEUP (http://riseupfest.blogspot.com/), que passo a explicar, nasceu pela mão do GAIA quando sugerimos um ciclo de filmes sobre globalização e ambiente. Mas que cresceu com a inclusão de outras organizações (Aacilus, Forum Activix, GAIA, SOS Racismo) e pessoas a titulo individual que também organizaram o ciclo de video e começam agora a pensar em mais acções em conjunto, sempre na mirada da crítica ao capitalismo e à globalização neoliberal.

Também com a Ana e a Helena fomos à festa da água no Arco do Triunfo, festa organizada pela câmara de Barcelona.
A Associação Intermón Oxfam (http://www.intermonoxfam.org/) também foi muito simpática. Começou a falar connosco em catalão e eu estava a perceber tudo. Como me parecia, a associação pertence a uma confederação global de 12 ONG chamada Oxfam Internacional. Em Espanha nasceu em 1997, tendo já vários grupos espalhados pelo país, onde o de Barcelona é um dos mais fortes, com imensos núcleos locais na região autónoma de Catalunha. É uma associação de desenvolvimento e cooperação com os países do Sul. Sendo assim, têm vários projectos de desenvolvimento espalhados, projectos de ajuda humanitária e prevenção de emergências, de sensibilização e mobilização social e comércio justo.
É de notar que todas as associações ali presentes, mesmo as com um campo de acção bastante diversificado, estavam ali para mostrar as suas actividades em relação à água.
Admiravelmente a Greenpeace (www.greenpeace.es) também estava presente, disse que lhes enviei um e-mail a perguntar como podia colaborar com a associação e que eles não me tinham respondido. Expliquei que era de Portugal e que aí participava numa associação ambiental, que estava em Espanha a estagiar e que gostava de participar activamente nalguma associação ecológica enquanto cá estivesse, embora não tivesse muitos conhecimentos técnicos na área do ambiente e não falasse catalão. Disseram que podia participar, para aparecer numa das reuniões que se realizam (apenas) uma vez por mês e que me enviavam um e-mail com mais pormenores.
Havia também no recinto uma associação que já tinha ouvido falar pois estava na organização da Calçotada Urbana. Chamava-se Fundação Terra (http://www.terra.org/) e em resposta às minhas explicações e pedido, disseram que eram uma associação mais académica e técnica e que se calhar os meus conhecimentos não eram importantes e que era melhor falar com a Ecologistas em Acção. Nem sei se foram brutos ou eficientes!
E claro que falei com a Associação Ecologista em Acção, onde frisei que já tinha ido à sede e enviado e-mails e sempre sem conseguir uma resposta. Foram muito simpáticos, disseram para aparecer numa das reuniões na sede pois as pessoas que estavam na banca eram apenas do grupo de trabalho da água. Ficaram com o meu e-mail para me contactarem e fiquei especialmente contente quando em resposta ao meu relembrar que não sabia falar muito bem castelhano, a rapariga disse algo como “mas estás a falar, caramba!”.
Quanto às oficinas presentes, eram várias, mas desta vez, ao contrário da Festa do Consumo Responsável, estas não eram só levadas a cabo pela câmara mas também por diferentes associações. Havia uma oficina “as gotas do mundo”, na qual uma rapariga me explicou que apenas as crianças tinham de ligar a palavra água em diferentes línguas ao país que correspondia. Não achei lá muito didáctico.
Havia também as oficinas “alertar para as inundações”, “faz um peixe com a tua mão”, “chapa solidária”, “o jogo da água limpa”, “ajuda-me a transportar a água” (caminho pequeno, tabuleta com quilómetros, transportar um garrafão grande de plástico), “a poça das grandes ideias” (com ideias escritas ou desenhadas nas gotas de água), “o rio que tu pintas”, “os sentidos da água” (ouvir, provar...), “os segredos do rio”...
Vim embora contente com um crachá a dizer “a água é de todos” com uma gotinha muito mal desenhada e pintada por mim.

Por volta da hora do jantar fomos todos, juntamente com um casal catalã amigo do J. petiscar a um bar (o tal Antic Teatre) onde comi um “panecito releno” (escrevo o nome para pesquisar pois era muito bom) e descobrimos mais um português (rapaz que lá trabalhava)! Esta cidade tem mesmo bastantes portugueses; não é que tenha encontrado muito, mas é também o que toda a gente catalã que conheço afirma.
Íamos todos ver um concerto integrado na programação da festa da água. Era um grupo de flamenco fusão (“Gertrudes”), aconselhado pelos catalãs que nos acompanhavam, mas estava a chover e portanto não houve concerto para ninguém!
Lá decidimos ir conviver para uns bares mas desta vez para a freguesia da Grácia. E o bairro tem o mesmo encanto que de dia, com inúmeros bares tranquilos. Parece mais uma zona de sair à noite para conversar e não para dançar! Bastante agradável.
Eu, a Ana e Helena viemos a pé para o centro da cidade, já que o metro aqui fecha às 2h ao fim de semana e só volta a abrir às 5h. Gosto sempre de ver cidades à noite, parece que as coisas são diferentes, repara-se melhor nos edifícios e sua arquitectura...
Aquando no centro, nas Ramblas (a artéria mais movimentada da cidade em qualquer hora do dia), estávamos com fome e decidimos procurar algum estabelecimento aberto. Ora nem pequenos restaurantes, nem mini-mercados, nada estava aberto. Fiquei super admirado porque eram 3h30m e nada estava aberto numa cidade com tanta gente e com uma noite tão concorrida como Barcelona.

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1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

That's a great story. Waiting for more. »

11:06 da tarde

 

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